26.6.06

(hoje fui à feira) Fui. Há tempo tempo que não ia.
(hoje fui à feira)
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Fui. Há tanto tempo que não ia. Não é frequente ter disponibilidade à segunda-feira e ainda por cima na quarta segunda-feira de cada mês. Enquanto passeava pela feira este poema bailava na minha cabeça:

(...)

Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapeu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligencia levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé dúma janella aberta
Uma cadeira predilecta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou cousa natural -
Por exemplo, a arvore antiga
À sombra da qual creanças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.

(...)

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

(...)

(excerto d'O Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro)

É que este poema baila sempre na minha cabeça nestas situações, quando estou a olhar as pessoas, pessoas genuínas, sem máscaras ou pelo menos sem aquelas a que estou a habituada...
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As minhas compras na feira:



(alcofa de esparto, tradicional algarvia, originalmente usada na apanha de alfarrobas)

1 comment:

  1. Feira à quarta segunda-feira!? É a de Silves? Já nem me lembro. Desde que vim estudar para Lisboa, nunca mais fui a nenhuma.
    Boas compras.

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